O presidente João Soeiro não se conforma com o facto de o clube ainda não ter as mesmas condições de trabalho que a maioria dos seus rivais na 1.ª divisão distrital de Setúbal. O dirigente lembra que o clube tem sete equipas em competição e que a ausência de um tapete relvado está a condicionar o crescimento do futebol no concelho da Moita Não será propriamente uma situação humilhante, mas, convenhamos, não é todo de confortável para o União Futebol Clube Moitense saber que está à beira de se tornar no único representante da 1.ª Divisão do Distrital de Setúbal que não tem campo relvado. O tema é caro ao presidente João Soeiro, que há quase década "luta" por esta espécie de causa. Não admira que todas as conversas desaguem na velha ambição. Independentemente de se falar sobre jogadores, tesouraria ou do historial do clube.
"O crescimento do futebol na Moita depende do campo relvado. Temos 200 praticantes federados. Existimos desde 1923. Não acha um absurdo para um clube que tem sete equipas em competição e que é o mais representativo da terra?", questiona o dirigente. João Soeiro até gostava de ser contido nas palavras, mas não resiste a pôr o dedo na ferida para explicar a verdadeira razão da ausência de um campo relvado integrado no complexo desportivo.
É que em 1997 a câmara terá garantido que o Moitense saía das actuais instalações para um complexo desportivo ao lado da caldeira da Moita. "Aceitámos, mas parece que o antigo presidente não transmitiu nada ao seu sucessor", relata Soeiro, que voltou a receber a mesma promessa em Março de 2000. O problema é que as obras não arrancaram, alegadamente devido a burocracias relacionadas com o Plano Director Municipal e há um ano a autarquia assumiu que o projecto não iria avançar.
"Ora, depois de todas as garantias da câmara, o clube não chegou a candidatar-se a subsídios do Governo e atrasou-se muito no tempo. Agora é uma chatice não ter um campo relvado", admite, sustentando que a autarquia "terá que compensar" o Moitense com o ambicionado campo relvado. Pode ser sintético (300 mil euros) ou relva natural (150 mil), desde que permita criar um complexo onde até a publicidade estática vai render, porque, diz Soeiro, "é visível do exterior, até por quem passa de comboio".
Percorrendo, com o DN Sport, o pelado do Campo do Juncal, onde uma queda promete deixar mossa para largos dias, o dirigente aponta para a obra do momento, que destoa das dificuldades. Uma bancada está em fase de conclusão, destinada a receber os adeptos da casa. Vai ter cobertura parcial e na parte de baixo nascerão os futuros balneários. Uma obra do clube É a menina dos olhos do presidente, pelo menos por enquanto, já que a autarquia se comprometeu a ceder um terreno anexo, no qual se joga futebol de sete, que poderá ser ampliado para onze.
Mas enquanto as melhores condições não chegam, junto à vedação, por detrás de uma das balizas, uma placa de madeira ilustra o recurso ao "desenrasca", indicando que os não sócios vão para a esquerda e os sócios para direita.
"É o que temos", desabafa João Soeiro, recordando tempos áureos nos inícios da década de 80 quando o clube, que militava na terceira divisão chegou a ter um autocarro, novo em folha, igual ao do Boavista e Académica. "Cada pessoa deu dois contos", recorda. Ainda hoje a viatura conduz a equipa.
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DN