Texto publicado no www.rio.pt
Neste meu texto faço um apelo à reflexão séria e apartidária do que deve ser o desporto para todos, o que passará por uma grande inter-ligação entre o poder local, as colectividades, e as escolas.
Ao ler 3 artigos no último nº do jornal O RIO, todos sobre desporto, entendi por bem comentar os mesmos.
Vamos ao primeiro artigo, o assinado por Vítor F. Barros (pag. 9) com o sugestivo título “(in)competência da Câmara da Moita”. Nele é narrado o caso de 3 atletas do Ginásio Atlético Clube da Baixa da Banheira, atletas que vão envergar a camisola da nossa selecção nacional no campeonato do Mundo de Trampolim e de Tumbling a realizar no Canadá. Conta-nos o articulista a necessidade de certas particularidades que os 2 treinadores daqueles 3 atletas precisam para o seu treino específico daquelas modalidades, e que pensaram nas antigas e abandonadas instalações da GEFA ou em alternativa no velhinho pavilhão municipal. Com todo o seu entusiasmo e força de vontade, pensaram na vereadora da cultura e desporto e terão ficado muito animados com a aparente disponibilidade da dita senhora. Mas, na resposta posterior, forçada, esta disse-lhes, que não tinha solução. Se ficaram surpreendidos é por que certamente não sabem o que a “casa gasta”.
No segundo artigo, da responsabilidade da redacção (pág. 13), encontrei outro tema sobre desporto, com o título “União Desportiva e Cultural Banheirense queixa-se de dificuldades na utilização do campo municipal”. É então relatado as dificuldades de uma equipa totalmente amadora e representativa da Baixa da Banheira no distrital de futebol sénior, depreende-se. Faltam acomodações mínimas para que este clube guarde as bolas e equipamentos para os treinos, compartindo aquele espaço municipal com outro clube do Vale da Amoreira, só podendo treinar às 22:30 quando a sede fecha às 23:30. Além disso têm que pagar por cada hora que utilizam o dito campo municipal em cima dos custos das elevadas inscrições com os seus atletas amadores. Assim se apoia o desporto de todos e para todos, o que as colectividades e alguns carolas fazem de graça pelas populações, quando outros, eleitos por estas, ganham e bem para não lhes darem soluções e os apoios devidos. Este clube não demonstra já no dito artigo surpresa, mas sim indignação, pois conhece de ginjeira o que a “casa gasta”.
Como estes 2 casos ilustram, é este o cenário geral com que os clubes e associações do nosso concelho se deparam. Quantos casos seriam precisos enumerar mais? O caso do campo do Moitense que se arrasta há mais de 1 dezena de anos? Ou o do CRI, em Alhos Vedros, que busca apoio da Câmara há muitos anos também para ter um campo em condições? Ou o para o Banheirense? Em Sarilhos-Pequenos é onde existem as melhores condições para a prática desportiva, mas tal deve-se exclusivamente à carolice dos Sarilhenses em geral e de alguns notáveis locais em particular.
Há anos que muitas instalações para a prática desportiva das populações deste concelho se arrastam de promessa em promessa eleitoral, com dotações ridículas nos orçamentos e planos de actividades da Câmara, como a piscina da Moita, a pista de atletismo de Alhos-Vedros, o pavilhão multi-usos da Baixa da Banheira, etc.
Vejam-se os subsídios que vão sendo dados às colectividades, tipo caridadezinha, distribuindo migalhas por muitos, não dando “nada de jeito” a ninguém. A C.M.Moita distribui 15.000 euros (não andará muito longe) às colectividades e associações do concelho. Meus amigos, 15.000 euros (pouco mais ou pouco menos) são 3.000 contos, por dezenas de colectividades. Para quê? Para fazerem o quê com tão “grande pecúlio”? Que apoios concretos tem a Câmara para oferecer às colectividades/clubes/associações que apresentem um plano de desenvolvimento desportivo a sério para os jovens?
Por fim vou ao 3º artigo do Jornal O Rio última edição (pag.12), o sobre as vaidades do executivo da Câmara Municipal da Moita, e que é a contradição do atrás exposto. Trata-se da organização das Minis e Meias Maratonas, este ano juntamente com a organização também da Taça dos Clubes Campeões Europeus de Estrada. Apesar do apoio de uma grande imobiliária a operar neste concelho, quanto custou esta organização, para mim “feira de vaidades”, ao erário público, aos cofres da Câmara? Para que serve isto se a Câmara não tem uma pista de atletismo no concelho, ou de crosse, entre outras gritantes carências, nem fomenta ou apoia as colectividades/clubes e associações locais? Que faz para ligar estas e as escolas do concelho, aproveitando as suas infra-estruturas e corpo docente? Que condições se criam neste concelho para o desenvolver economicamente, atraindo investidores que não seja no betão, no encaixotamento de pessoas em urbanizações sem as necessárias infra-estruturas de apoio?
Qual o trabalho que a C.M.Moita verdadeiramente, não teoricamente, faz de incentivo e desenvolvimento desportivo (de competição ou manutenção) pelos seus cidadãos? Que planos, que apoios tem para aqueles que apresentem projectos sérios, inovadores e abrangentes de desenvolvimento do desporto no concelho? Alguns defendem que vão faltando os “carolas” que façam coisas a sério nas colectividades, mas com estes apoios o que se espera? Se a Câmara também pensa assim, o que é que faz para inverter essa tendência e criar condições, com os seus muitos profissionais, alguns desaproveitados, a “promover” o desporto nos gabinetes, para dinamizar a práticas desportiva em geral no concelho? Eu, e muitos, permito-me duvidar que tenha interesse, ou competência para tal.
Os 3 casos dos artigos atrás descritos provam tal. Mas com a Taça dos Clubes Campeões Europeus de Estrada, o Sr. presidente da Câmara passou na televisão, isso é que interessa, é isso que promove a terra? A “festa” passou e o atletismo no concelho ficou na mesma.
>António Duro in: www.orio.pt
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