Há cerca de um mês atrás tive o privilégio de acompanhar a minha filha às Seixalíadas (espécie de sarau organizado pela Câmara do Seixal), no Alto do Moinho. Nas conversas que tive com pessoas deste concelho, apercebi-me que o pavilhão excepcional de que dispunham não era exclusivo daquela localidade: todas as freguesias estavam dotadas de instalações similares. Do concelho de Almada, assim me informaram, a situação era análoga. Mais me comunicaram haver pistas de atletismo em ambos os concelhos, apesar de não terem uma colectividade verdadeiramente vocacionada para a prática desta modalidade.
E no nosso concelho, o que dizer a este respeito? É maldizer a Câmara da Moita por não ter aproveitado, em tempo certo, os fundos comunitários para o efeito? É denegrir a imagem da Câmara da Moita quando passados mais de trinta anos após a revolução de Abril não ter um único pavilhão que sirva as colectividades e as escolas do município? Não é vergonhoso “obrigar” os atletas do Grupo de Atletismo da Baixa da Banheira, que já foram (e não sei se ainda não são) campeões da Zona Sul, a treinarem e a estagiarem na Amadora porque a Baixa da Banheira e o concelho da Moita não têm uma pista de atletismo? Não é imoral a CDU prometer de umas eleições para outras a resolução destes problemas e eles subsistirem? Não é ridículo e oportunista atribuir às colectividades, sem qualquer critério meritocrático, cerca de 1500 euros (trezentos contos) anuais e exigir destas, ainda por cima, contrapartidas? Não é lamentável a Câmara arrogar-se dona da pista de tumbling do G.A.C. da Baixa da Banheira (levem-na para “vossa” casa)?
Como o leitor já sabe as perguntas supra mencionadas são mera retórica, pois eu já sei (e você também) antecipadamente a resposta. Mas aquilo que nós não sabemos é por que razão a nossa Câmara não tem dinheiro para ajudar as colectividades e gasta cerca de cinquenta e dois mil euros anuais na limpeza do Fórum José Manuel Figueiredo (aproximadamente 30 contos por dia). Também não sabemos a razão que leva as “más-línguas” a dizer que as pressões do Sr. Presidente junto dos empresários mais vulneráveis estão perto de estrangular a normal caminhada d’O Rio.
O gabinete do Sr. Presidente da Câmara da Moita decidiu – caso inédito – responder publicamente a um artigo que publiquei neste jornal e eleger-me como protagonista da contestação à sua incapacidade de realização cultural, desportiva e social. Não era caso para tanto, mas agradeço a preocupação manifestada e a atenção dispensada.
Vítor Barros
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